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  • Renata Ortega

Rosa no Deserto


Assim como a rosa do deserto que nasce sem nenhuma flor, eu nasci sem nenhum valor; sem cultura e misturada assim cresci e até hoje sobrevivi.


Na série de descobrir quem sou e o que vim fazer no mundo, rosa do deserto me tornei, com raízes contorcidas, cheia de cicatrizes, apenas folhas! Sem água, sem atenção e sem sombra para me proteger, nem mesmo espinhos pra me defender.


Cresci forte e com raízes firmes, ainda que com mais cicatrizes, porém firmes e aos poucos me descobrindo. Até que um dia choveu, e pela primeira vez soube como é ter as folhas molhadas, a raiz encharcada:


- E agora? Como vou saber se não irei morrer? Sou alguém que nasceu, cresceu e sobreviveu!


O tempo passou, a chuva cessou e novamente veio o sol quente, pensei várias e várias vezes em desistir. Mas, a vida me ensinou que tempestades vem e vão assim como o sol.


Tá, mas... Quem eu sou?! O que sou?! Dizem que sou uma rosa do deserto, o deserto faz sentido, mas e a rosa? Rosa tem espinhos, é delicada não gosta muito de sol! Até agora sou uma raiz cheia de cicatrizes, contorcida e com folhas, sem nenhuma flor.

Mudada algumas vezes de lugar, vejo um botão, em alguns galhos, e olhando ao meu redor, vejo que tem mais de um botão. Será uma rosa? Ou será outras folhas? Tudo é incerto até que os botões se abrem. Certo dia, um dos botões se abre, é uma flor com duas cores. No meio é roxo e as pétalas são rosas, como pode uma rosa não ser uma rosa e não ter espinhos? É uma rosa diferenciada, com o corpo robusto e cheia de marcas, que nasce, sem amor, sem carinho e sem cuidado e mesmo assim ainda dá rosas.


Assim, como a rosa, eu também estou me descobrindo, Indígena ou Paraguaia? Porque não os dois?

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