Realidade cinza e rasa
- Vozes Cidadãs
- 17 de jul. de 2023
- 2 min de leitura

Tudo à minha volta sempre está em constante movimento.
Olho ao redor.
Minhas mãos tremem.
Meu peito aperta.
A cada respiro, um vazio.
Cada vez mais e mais.
Respiro fundo.
Fecho os olhos.
Respiro novamente.
Abro os olhos.
É estranho como algumas coisas do passado deixaram de ser importantes. Mas, essa é a verdade nua e crua da sociedade.
Tudo está em constante mudança. Tudo que em algum momento é importante acaba caindo no profundo poço do esquecimento, condenado a cair eternamente sem saber ao certo se existe algum final.
Afinal, a única coisa que importa é a ambição.
Tudo que tem valor em algum momento perde o brilho, aquele encanto que prende e arrebata todos os sentidos. Porém, todas as regras possuem uma exceção, algo fora da curva. Ela é a ambição. Afinal, ela nunca perde o seu encanto aos olhos mundanos.
Tudo resume-se a isso, as pessoas deixaram de acreditar em algo profundo e verdadeiro, preferindo viver na correria. Tudo no preto e no branco. Buscando o raso, em vez de mergulhar na água fria e profunda, em busca daquele calor na alma. Uma conexão, um laço.
Mas quem pode culpá-los, não é mesmo? Aqueles que ainda acreditam no “encontro de almas” é um bobo iniciante nesse mundo devastado e traiçoeiro. Inocente as maldades. Ou, simplesmente, um ignorante que não teme os perigos que abrigam a cada esquina.
Mas, afinal, quem pode culpá-los? Aqueles que se aventuraram por esse território, perderam algo de si, a própria essência. Tornaram-se algo totalmente diferente do que eram, eles renasceram em meio ao caos.
E, novamente, quem pode culpá-los? Um dia foram aventureiros, apostaram tudo naquilo que acreditavam. No outro, tornaram-se robôs, reféns dessa realidade cinza e rasa.
Produção: Letícia Rocha
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