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  • Foto do escritorVozes Cidadãs

O Legado de Marsha P. Johnson

Negra, gay, travesti, rainha, profissional do sexo, revolucionária, ícone do movimento transgênero e precursora do movimento gay nos anos 1960…tudo isso eu uma pessoa só: Marsha P. Johnson. Marsha nasceu em Nova Jersey, em 24 de agosto de 1945, e aos 24 anos protagonizou um dos momentos mais importantes da luta LGBTQIA+, que foi a revolução de Stonewall Inn, hoje deu origem ao dia do Orgulho.

Stonewall Inn era conhecido como um dos poucos lugares seguros para a comunidade, mas, poucos sabem que Marsha foi a primeira drag queen a frequentar esse espaço, que antes era visitado apenas por homens gays, em sua maioria, brancos. Somente após essa episódio começaram a permitir a entrada de mulheres lésbicas e drag queens.

Também devemos nos atentar que nos anos 60 o preconceito racial ainda era muito forte, e de certa forma legalizado, nos Estados Unidos, ou seja, além de passar por toda homofobia e transfobia, Marsha também precisava lidar com as consequências da segregação racial, sofrendo desprezo dentro da própria comunidade. Marsha era até mesmo considerada a Rosa Parks do movimento gay – em uma referência a ativista que em 1955 se recusou a obedecer a lei de segregação que existia no transporte público em Montgomery, Alabama.


Se engana quem pensa que a luta de Marsha parava nas questões de sexualidade, pois junto com sua amiga Sylvia Rivera, deu início ao Street Travestite Action Revolutionaries (Ação das Travestis de Rua Revolucionárias), um abrigo para jovens gays, trans e drag queens sem teto, que viviam nos arredores de Greenwich Village. E as duas mantinham o espaço se prostituindo.

Em 6 de junho de 1992, Marsha é encontrada morta, perto de completar 57 anos de vida, no rio Hudson. A polícia afirma ter sido suicídio. A autópsia se refere a afogamento ou possível homicídio. Líderes da comunidade, por duas vezes, conseguiram reabrir o caso para mais investigações – em 1992, por pressão do vereador Thomas Duane, e em 2012, pela pressão popular. A dúvida permanece não por acaso. Marsha convivia com o assédio e a violência policial – foram mais de 100 prisões acompanhadas de espancamento, tortura e ameaças de morte.

De lá para cá, infelizmente, pouca coisa mudou. É fato que a segregação racial e a homofobia são mais mascarados, mas ainda sim existentes. Por 14 anos seguidos o Brasil é o país que mais mata transsexuais e travestis, só em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas no país, e outras 20 tiraram a própria vida em virtude de discriminação e do preconceito.

Assim como Marsha, pessoas trans/travestis geralmente são a linha de frente das militâncias LGBTQIA+, e quase sempre tem sua existência apagada, quando expulsos de casa, precisam apelar para a prostituição para garantir sua existência, sem contar todos os tipos de trauma de passar por um processo doloroso de aceitação nessa sociedade que segue sendo homofóbica.

É necessário que a população acolha e continue cobrando as políticas públicas para a população LGBTQIA+, atualmente Mato Grosso do Sul é o unico estado que possui uma Subsecretaria de Políticas Públicas LGBT, dando mais visibilidade às ações de conscientização e enfrentamento a violência praticada contra esse público, políticas assim devem ser espalhadas pelo Brasil e mundo.

Para conhecer mais sobre as políticas públicas do estado de MS para a comunidade queer, confira o sitre Cidadania LGBT (https://www.cidadanialgbt.ms.gov.br/) e veja quais são seus direitos e deveres enquanto cidadão.


Viva Marsha P. Johnson! Viva todas as travestis e transsexuais!


Produção: Thaynara Belmonte


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