E o Dólar? Não volta mais?
- Mariana Lopes
- 2 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de mai. de 2023

“O dólar vai se tornando referência obrigatória nas operações financeiras à medida que a dívida pública americana de expande, convertendo-se em ativo internacional utilizado nas carteiras de quase todas as instituições financeiras”. Foi o que disse Maria da Conceição Tavares em sua obra a cerca da hegemonia estadunidense no globo.
A presença do dólar como mastro regulador da economia mundial surge ao fechar das cortinas da Segunda Guerra Mundial – quando muitos países europeus precisaram de empréstimos e investimentos para sua reconstrução. A execução do Plano Marshall foi tão bem feita que até os dias atuais, a moeda estadunidense permanece avaliada de acordo com o poder militar e político dos Estados Unidos e, se bem analisarmos, só nos últimos 6 anos que este poder foi de fato questionado. O governo Trump mais contribuiu com vacas magras, tanto na economia quanto na política externa.

Com esse cenário de crise, não é novidade que tal autoridade tenha sido questionada pelos países que, por muito tempo, foram tutelados pelo Tio Sam. Às vésperas do encontro entre o Presidente Lula e o Presidente Xi Jiping, sobre o corte dos vínculos ao dólar, muito se temia pela insatisfação dos EUA frente ao cenário. Mas o BRICS já vem sonhando com este plano desde 2013 – a partir da criação de um banco de desenvolvimento próprio.
Mas Charles De Gaulle, na década de 60, já denunciava esse exorbitante privilégio e tática de política externa. Não há dúvidas que, sendo detentor da moeda internacional, os EUA trabalham de forma exaustiva para que seus interesses sejam priorizados. E não estão errados, priorizar os interesses do Estado é preservar o objeto norteador de todas as relações internacionais, como já dizia Maquiavel. A problemática é: O interesse do Estado pode restringir a existência de outro?
E o outro, para os Estados Unidos, já atravessou o globo. Desde a União Soviética, Cuba, Afeganistão, Irã, Venezuela e muitos outros países já foram alvos dos embargos e propagandas nacionalistas de repúdio aos demais Estados. Isso porque foram países que desobedeceram a disciplina do porrete político-econômico estadunidense. Porém, os EUA não podem bater com muita força na China – sua maior parceira econômica e detentora de suas maiores dívidas – ou no Brasil, que muito foi conivente com as últimas políticas do país durante o governo Trump.

É a hora dos EUA perceberem que a volta das boas táticas diplomáticas, como Nixon em sua reconciliação com a China, significa maior flexibilidade e possibilidade de boa posição em uma nova ordem mundial – na qual, para a infelicidade deles, não são nem cogitados para o centro do globo.
Produção: bolsista Mariana Lopes
Referências:
DW: https://www.dw.com/pt-br/banco-conjunto-fica-no-papel-e-reflete-dificuldade-de-integra%C3%A7%C3%A3o-dos-brics/a-16703254 27/03/2013 23/03/2013. Acesso: 02/05/2023
Brasil de Fato: https://www.brasildefato.com.br/2023/04/14/brasil-e-china-assinam-15-acordos-e-lula-defende-alianca-com-pequim-ninguem-vai-proibir 14/04/2023. Acesso: 02/05/2023
AVARES, Maria da Conceição & MELIN, Luiz Eduardo. “Pós-escrito 1997: A reafirmação da hegemonia norte-americana”. Em M.C. TAVARES & J.L. FIORI, Poder e dinheiro: uma economia política da globalização.
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